terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Vi subindo pelas águas um barco que não era grande. A lotação charmosa perdia a graça em termos práticos; alçar as malas sobre o flutuante causou alguma estranheza.
Hotéis antigos e cidade feita de turistas. Fiquei sem saber como eram os habitantes sem as máscaras. Não houve baile nem festa, quem deu as boas vindas no hotelzinho antigo foi uma escada que não tinha fim. Não foi por falta de sorte, tudo era antigo. Talvez neste ponto o lugar ganhava graça.

Veneza, linda como lhe diziam ficou apenas no filme. De tanta neblina era um mistério a outra margem na sutileza embaçada das cores rasuradas pela umidade. A graça estava em atravessar a ponte, unir dois lados do caminho.

O palácio enriquecido emaranhava a vista. A informação subia pelas escadas, cada porta tornava-se um labirinto onde se podia escolher apenas uma opção, seguir todo o trajeto deslumbrando-se pela história.

O lugar parava ali, na praça. Os pombos adestrados subindo pelos braços prendiam a atenção por instantes. Dava para ver a cidade desembocando no centro. Cada ruazinha, das mais estreitas imagináveis, ia parar ali para ver todos os leões esculpidos em bronze, lembrando a glória de um tempo que passou que agora é admirada.

A cidade se afoga aos nossos olhos, sendo engolida pelos degraus que denunciam o fim trágico. Nem mesmo a fama poderá salvá-la das algas que lhe puxam...