Tudo está calmo. Estava. Os fogos anunciam a transição que
rapidamente desfaz o cálido dia.
As crianças desaparecem dos becos, as escadas ecoam o
esvaziamento. Um território que transita no caos movimentado até findar no
aviso de recolher. Reprimir. Sem voz, todos atuam em normalidade, como natural
também é o conflito.
Em meia hora a confusão evapora e voltam a mobilizar os
movimentos, desconfiados, curiosos em repassar notícias. As manchetes não alcançam
esses detalhes e cabe à fala dar sentido aos acontecimentos.
Trabalham as mulheres. As crianças se viram em suas
competências, olhando os pequenos com responsabilidade de adulto. Nos bares, os
copos se repetem onde o lazer não chega e muito menos oferece opção.
A vida caminha, subindo e descendo a viela, em seu comércio
próprio. Inflacionado pelos royalties de se estar onde não se deve. A dicotomia
aprimora as diferenças onde as polegadas das tv´s diferenciam as classes mesmos
nos cubículos.
Há gente de posse. Há posse de gente. Na mudez feminina dá
para se ver os hematomas intrínsecos. No esbravejar à sombra dá para perceber
que há guerra. O que se esperar de relações tão próximas? Onde um espirro
sentencia a gripe na escassez de espaço. As vidas se esbarram, atravessam as
paredes e se encaixam, empilhadas uma sobre a outra, repetindo histórias de
superação e de tragédias.
Assim, visitam às madames. Visitam, porque lá não pertence a
realidade que atravessa a rua. Deixando de lado o trajeto. Vestindo o figurino.
Anunciam os fogos outra vez. Difícil descrever o que deve ser pensar nos filhos
que brincam de adultos até o expediente acabar.
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