quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Tudo está calmo. Estava. Os fogos anunciam a transição que rapidamente desfaz o cálido dia.
As crianças desaparecem dos becos, as escadas ecoam o esvaziamento. Um território que transita no caos movimentado até findar no aviso de recolher. Reprimir. Sem voz, todos atuam em normalidade, como natural também é o conflito.
Em meia hora a confusão evapora e voltam a mobilizar os movimentos, desconfiados, curiosos em repassar notícias. As manchetes não alcançam esses detalhes e cabe à fala dar sentido aos acontecimentos.
Trabalham as mulheres. As crianças se viram em suas competências, olhando os pequenos com responsabilidade de adulto. Nos bares, os copos se repetem onde o lazer não chega e muito menos oferece opção.
A vida caminha, subindo e descendo a viela, em seu comércio próprio. Inflacionado pelos royalties de se estar onde não se deve. A dicotomia aprimora as diferenças onde as polegadas das tv´s diferenciam as classes mesmos nos cubículos.
Há gente de posse. Há posse de gente. Na mudez feminina dá para se ver os hematomas intrínsecos. No esbravejar à sombra dá para perceber que há guerra. O que se esperar de relações tão próximas? Onde um espirro sentencia a gripe na escassez de espaço. As vidas se esbarram, atravessam as paredes e se encaixam, empilhadas uma sobre a outra, repetindo histórias de superação e de tragédias.

Assim, visitam às madames. Visitam, porque lá não pertence a realidade que atravessa a rua. Deixando de lado o trajeto. Vestindo o figurino. Anunciam os fogos outra vez. Difícil descrever o que deve ser pensar nos filhos que brincam de adultos até o expediente acabar.

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