Não sabia por onde começar. Ela tirava adjetivos de onde
ninguém havia visto.
Para o imenso nariz, destacava-lhe o olfato. Sentia e sabia
todos os perfumes dela. Mesmo depois de uma cirurgia que prometia corrigir o
desvio de septo era impossível não notá-lo
a priori.
Ela o ameaçava com a beleza fina dos longos cabelos loiros,
com os olhos esverdeadamente azuis ou azuladamente verdes. Eu dizia o quanto
assustavam no as investidas. Toda delicadeza lhe caia em tom de maldade,
judiaria.
Nem nos sonhos aquele homem pequeno do nariz grande poderia
pensar nas tentativas dela de ser clara.Ela por sua vez, com os adventos da
modernidade, perseguia todas as fotos, foi assim que conseguiu ver sua natureza
mais antiga, antes dos procedimentos cirúrgicos.
Como levar adiante um relacionamento desproporcional no
quesito beleza? Em todos os outros podia se equivaler, mas esse...nunca.
Ele treinava mostrar seu troféu aos amigos. Ela desfiava
elogios e o chamava tão carinhosamente de feio que até bonito ficava na
descrição mais eufemista possível.
No dia, de encontro marcado, decidiram se enfiar no lugar
mais escondido onde ninguém faria comparações ou medidas, mas quando todos
deram falta de ambos, ficou claro o motivo.
Combinaram a separação, cada um para um lado a fim de
disfarçar. Mas o resumo da história chegou ao fim e não sou mais eu dona dela.
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