segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Chego ao quarto frio no meio da tarde, deixando a bolsa sobre o sofá. Cumprimento meu pai com notável surpresa. Enfim trocamos os turnos.

Ouço a máquina por tanto tempo que sou capaz de ignorá-la

A porta se abre inúmeras vezes. Levo sempre um susto ao ouvi-la bater, como se estivesse fazendo algo errado, e aquilo me imobilizasse.

Vigio a respiração com cautela, sua palidez me desanima. Descubro-me em horas pacatas, sem um relógio por perto. Perco-me em sentimentos turbulentos. A identidade se esvaiu, possui apenas um nome pelo qual atende, abrindo os olhos.

Suas feições doloridas ferem meu espírito. Lembro das vezes em que fugi dos domingos que deveriam ser em família, em que poderia estar sentada ouvindo histórias na beira do fogão.

É inútil remediar memórias involuntárias, são como espasmos de consciência. Olho pelo vidro em busca de aceno de um vizinho, só para não me sentir só.

Migalhas de biscoito caem sobre o estofado. O tédio alimenta a idéia de que o estômago está vazio. Aparece uma formiga que perambula para distrair meus olhos, depois some nas dobras da cortina.

Começa a ficar difícil observar que a noite não avança. Esqueço do horário de verão.

Leio as palavras que escrevi, impregnadas de saudade, ou mesmo de reflexão.

Toda vez que me levanto, ajeito o dedinho torto do pé, em homenagem a sua vaidade.

Há vezes em que seus olhos se abrem, parados, sem reação. O que será que existe na parede branca, que tira a vontade de olhar em outra direção?

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