terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Paredes pedem para não ficarem brancas. Mãos enfeitam o tom desbotado; manchando em tamanhos diferentes.

Vejo o tempo passar contando os dedos que quase tocam o teto, penso como alguém subiu ali.

Olho o relógio com ponteiros assimétricos, informando a relatividade das horas. Pego um jornal amassado e tento lê-lo como um homem, sem amassar mais. Meus instintos femininos destroem as dobraduras, logo desisto de dobrar as folhas ao meio, embaralhando os esportes com o jornal da tv. Sono de três horas somadas agitam os foliões que vão para a praia em dia de chuva, para guardar areia no bolso como lembrança além das fotos.

Silêncio na apuração de escola de samba, em contraste com o funk intruso que engole a paz costeira. Dançarinas de rua tremem os postes apoiando-se neles, dançando pela milésima vez o som que não se equaliza.

Competição auditiva. Sinto-me na feira nordestina, com um karaokê em cada barraca típica, tocando Calypso e Legião em menos de um metro quadrado de distância.

Sinto vergonha alheia, constrangida com o efeito do álcool. Brindo (sóbria) um samba raro, descalça, tendo cuidado com os prováveis cacos de vidro, assistindo piranhas travestidas com perucas florescentes, enchimento e saia. Um bom pretexto para sentir como é sentir frio entre as pernas.

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