sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Que ironia a morte estar por todos os lados. Estava mais viva do que ela, sendo uma constante ameaça.

Morriam sempre mais de três na sua sala de jantar, até que sua mãe deixou de ver jornal. Morria alguém atropelado, algum motoqueiro mais descuidado que deixou o capacete no braço e rolou por debaixo de um ônibus lotado. Morreu um mendigo queimado, ninguém lhe disso o porquê. Morreu também dois cachorros, um hamster e três gatos; esses óbitos foram os piores, nunca havia se curado.

Numa síncope materna, sua mãe deixou de deixar. Para Ana a morte parecia carregar sua foice pelo quarteirão inteiro quando tinha tiroteio. Ela sabia que não ia poder sair de casa. Ficava esperando a hora de fisgar um duplo assassinato. Achava que ninguém morria se não fosse um tiro bem dado, até que seu tio morreu enquanto passeava na frente do Copacabana Palace e uma marquise lhe acertou a cabeça em cheio. Sua irmã se esvaziou em choro. Ana ficou ali pasmada, achando estranho alguém chorar pelo o que não fosse um cachorro, um hamster que havia se ganhado de aniversário.

Tinha raiva da morte, da possibilidade de matá-la, ao mesmo tempo em que gostava e algumas vezes, inclusive, queria que alguém morresse.

3 comentários:

Fabio disse...

belo texto...

e pq seus textos nao tem titulo???

Bobagem com Mouse disse...

Que texto heim!!!Gostei.
Mórbido bem elaborado.
Irei conferir seu blog!!!
Quando puder me visite:
http://oitentando.blogspot.com/
Abraços!!!

Marcos disse...

opa, primeira vez aqui nesse blog.
ta bem legal, gostei do layout

boa sorte e feliz 2009.
assim que puder de uma passada no meu. xD

abraço