sexta-feira, 4 de abril de 2008

Era um mito para mim. Aparecia somente na televisão, por medida do governo. A situação era tão alarmante que os turistas pararam de descer no aeroporto, por medo de esmorecer durante a viagem.

Para mim, era uma lenda, uma história com moral no final, até que o encontrei, bem na minha sala.

Tinha pernas delgadas, listradas. Fitei sua magreza, seu esqueleto explícito. Tirou-me a reação. Fiquei pensando se ele já estava ali; se já havia me picado no silenciar da noite, sem que eu percebesse, ou se decidira percorrer minhas paredes sem que eu o notasse.

Eu, que quando matava formigas por distração, ficava em silêncio por quase dez minutos, em sinal de compaixão; naquele momento tive que deixar a bondade de lado. A dúvida se ele estava contaminado ou não, não deixara outra saída.

Sem que ele percebesse, fucei em todos os armários a raquete de choque. Era uma medida de emergência.

Travei uma batalha tentando achar uma pilha de última hora. Tirei as que estavam no controle remoto, já no fim de sua carga. Matei-o com um zunido só. Caiu perto da prateleira. O tapete o amparou. Era um inocente pernilongo. Não tive dengue...

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