quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Ele era um garoto novo na cidade e o único emprego que conseguiu foi em um botequim pequeno e fedorento perto de sua casa. O lugar tinha apenas um balcão, várias garrafas de pinga barata, uns velhos pacotes de Ruffles que ninguém pedia e uma pequena estatueta do Humberto Gessinger, de quem o dono era fã.

Trabalhava todas as noites servindo os bêbados. Era sempre a mesma coisa. Os mesmos clientes, as mesmas cachaças e os mesmos pacotes de Ruffles apodrecendo. Já pela manhã, chegava a parte mais difícil: limpar o vômito dos bêbados que sobrava no balcão.

Quando o trabalho ficou insustentável, pediu demissão. Na noite seguinte, foi para o botequim onde trabalhava, sentou-se no balcão e pediu uma pinga. Passou a madrugada bebendo ali. E todas as madrugadas seguintes da sua vida.

Ficava até de manhã tomando aguardante no mesmo botequim onde havia trabalhado. Não porque não houvesse mais nada pra fazer naquela cidade. Mas é que, àquela altura, nada o deixava mais satisfeito do que limpar o próprio vômito.

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