quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Minha mãe sempre me proibiu de ir a parques de diversão, dizia que eu deveria estar grandinha para essas coisas. Nem chantagem emocional resolvia.

Vi meus colegas de escola falando sobre a roda gigante enquanto eu pensava que poderia cair lá de cima, já que mamãe sempre fazia um escândalo contando até nos dedos dos pés os perigos lúdicos. Criei uma fobia até pela roleta da entrada.

Agora que sou mãe, meus filhos puxam minha blusa e falam no ouvido que querem um passeio. Não há convite da escola para irem acompanhados pelas professoras bem aventuradas. Tento achar desculpa para não ir, prefiro que não saibam o que é medo, fobia ou coisas assim que agente inventa e que nada tem a ver com dormir de luz acesa.

Tomei coragem e levei meus pequenos para o parque da cidade. Os algodões doces tentavam me acalmar com suas cores de anilina. Tentei desviar seus olhinhos da grande roda até a hora em que suas mãos apontaram para o que direção eu temia.

Meus pés tremeram apenas. Respirei fundo e fiquei pensando que não poderia ser tão ruim assim. Sentei na cadeira enferrujada, apertando de leve as pequeninas mãos. Tudo começou a tremer enquanto eu pensava em desistir.

O momento mágico desvendava minha alegria. Eu parecia uma criança perplexa com a adrenalina de tirar os pés do chão.

Minhas filhas desceram do grande brinquedo dizendo que não teve graça, afirmando que era quase andar de ônibus, passando pelo quebra-molas. E eu que pensei ter coragem...

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