domingo, 9 de março de 2008

Dava para se notar que ele era solteiro. Bastava olhar para a quantidade de biscoitos no carro de compras para perceber sua total imaturidade.

Faço deduções prosaicas que geralmente são coerentes. Faltava mesmo aliança em suas mãos. Teria sido mais fácil olhar para um dos membros ao em vez de notar seus objetos de consumo.

O que pensariam caso vissem meu adoçante? Seria eu anorexica ou diabética? Talvez as duas embalagens de café forte explicassem minhas olheiras.

Comecei a ficar paranóica com as compras. Quando eu comprava ovos e farinha logo me questionavam sobre o sabor do próximo bolo, quando eram velas, perguntavam qual era a promessa.

Minhas notas fiscais falavam muito sobre mim. Caso alguém a encontrasse seria pior do que encontrar um diário, saberiam até quanto eu costumo gastar, até das marcas genéricas para economizar.

Passávamos nossas compras coincidentemente no mesmo caixa. Tomava o cuidado de deixar sempre alguém a minha frente. Faltavam sempre verduras. Tinha vontade de palpitar, sugerindo pelo menos o ferro de uma beterraba.

Um dia minha ansiedade não pôs ninguém à frente. Eu e ele deitávamos mercadorias na esteira do caixa, com pressa. Nossa afobação trocou as notas, tivemos que mudar de mercado.

Um comentário:

Unknown disse...

bons textos..
faz parecer que se expressar assim é fácil..
tens um futuro e tanto!
beijo grande!