quarta-feira, 25 de julho de 2007

“Atrevo-me a escrever para um estranho. Sem dedicatória nem nada. Torço para que faça algum sentido essas minhas palavras, se por ventura mais alguém quiser lê-las.
Alguém teimou em dizer que existe mistério em meu sorriso. Um desconhecido. Fiquei perdida durante a manhã tentando acreditar nisso. Será que minhas palavras fazem o mesmo efeito? Alguma vez conseguirei persuadir alguém lhe mostrando os dentes? Achei magnífica a possibilidade de caber todo um discurso dentro de um único gesto!

Nunca me fez bem falar. É uma tortura conseguir dizer o suficiente, poupar os mínimos detalhes. Ou ficava muda, encontrando ironia no silêncio, ou saia dizendo tudo como se fosse a primeira e única chance. Com o tempo aprendi que escrever é o mais conveniente. A modernidade fez com que fosse mais fácil abreviar tudo, sem reduzir o mais importante.

Diante da tela eu posso dizer que conheço o que não conheço. Posso ser atriz até mesmo dizendo a verdade. Diante desta possibilidade é que tenho a sensação que em breve serei intima de olhos desocupados, intrigados com o erro do emprego das minhas vírgulas...”


Aquelas palavras faziam um sentido avassalador diante da minha percepção. Desde que havia observado aquele sorriso deslumbrante fui abatido por uma sensação conhecida, mas que há muito tempo não emitia sinais. Abalado com uma conjunção de mistério, beleza e segurança que tornavam aquela imagem única esperava por alguma reciprocidade.

Talvez seu discurso tenha começado de forma tímida, o receio da incerteza ainda a deixava insegura. Ao mesmo tempo parecia uma pessoa muito desafiadora e de personalidade marcante. Quem era aquela menina? O que ela pretendia? E eu, para onde estava indo, o que estava escrevendo?

Certamente aquelas sentenças deviam ter muitos significados, as entrelinhas certamente estariam recheadas de revelações. Como o acaso poderia agir daquela maneira inesperada? Nesse momento começavam as suposições e expectativas. Aquela incerteza do descobrimento deixava meus pensamentos a mil, esperava ansioso pelas próximas linhas dessa historia. Afinal quantas páginas ou capítulos poderia render aquele caminho da vida?

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