quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Sempre quis redescobrir o que havia por trás daquela porta. O quarto escurecia no meio da tarde. Evitava ousar tocar na maçaneta depois de tanto tempo.

Minhas lembranças estavam ali trancafiadas. Minha memória em anexo. Era em fotos que eu esquecia o passado, tudo amarrotado em caixas. Misturava a infância com a maturidade, os hotéis com paisagens, viagens com a rotina. Perdia a cronologia. Era estratégia para não ter arrumação que pudesse pôr tudo em ordem, para não saber distinguir o começo do fim.

Resolvi procurar a chave. Não obtive êxito. Meu coração disparou, bati na porta em desespero como se alguém pudesse abri-la, como se uma foto tomasse forma, andando para me acudir.

Perseguia-me a ausência de recordação. Os sonhos não possuíam rosto, apenas o meu. Era estranha a sensação de solidão em reflexo.

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