segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Faço palavras cruzadas na recepção. Um homem alto me encara pelo espelho pendurado na parede, boceja e senta do outro lado da sala. O ar condicionado me espreme na cadeira acolchoada.

Ouço todos os nomes, menos o meu. Mulheres se equilibram em saltos pretos de sapatos fora de moda, usam laços gigantes no cabelo. Parecem estar paradas no tempo. Meu tempo parece parar. Uma eternidade de espera para meia hora de consulta.

Desde a hora em que cheguei, quis ir embora. Revistas me convidavam a tocá-las, folheei umas três. A música ambiente incitava meus pés a se mexerem por tédio, minhas mãos pousavam sobre o colo, e revezavam-se em segurar meu queixo.

Às vezes acho que médicos são muito carentes, gostam de pacientes aflitos, ávidos por diagnósticos. Esquecem que só queremos sair.

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