domingo, 27 de janeiro de 2008

Renovava a visão ao piscar os olhos. O sol brilhava mais a cada segundo. O calor escorria pelas costas, colando a camisa sobre a pele. Os sapatos quase colavam no asfalto, se fundindo.

Nuvens indecisas deixavam apenas uma faixa de luz aparente. Alguns paravam para fazer um comentário cego, dizendo ser um sinal celestial. A chuva não tardou a cair, eu disse entre dente que os pingos então seriam uma vingança divina, tendo em vista o sábado por chegar. Logo alguém parou para me dar sermão.

Estrago sonhos, rachando-os ao meio, tamanha a severidade do tom da minha voz. Objetivamente não traduzo crença saindo da minha boca. De repente senhoras me abordam, dizendo ainda existir tempo para adocicar minha língua. Quem sabe daqui a alguns anos eu não esteja pregando a palavra bíblica, calando a peste herege. Duvido que este dia chegue.

Religião nunca me exaltou. Não paro para pensar em uma explicação sublime sobre a origem. Não sei falar sobre o começo, mas reconheço tudo que virará adubo no final.

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