segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Perdi o juízo. Saio de casa após o almoço, alcanço um transporte coletivo e sigo para onde não há rumo. Peço para parar logo após o túnel. Encaro meus pés em uma calçada desconhecida, sigo as placas até encontrar algo familiar. Dou de cara com Copacabana, com suas areias repletas de guarda-sol, viro a esquina e sei onde andar.

Acho o portão familiar, assim como o número. A porta estava aberta. Subo as escadas e vejo o porteiro distraído. Tento manter um diálogo, mas aqueles olhos pareciam surpresos pela minha visita. Tive que lhe ensinar o que fazer, pedir que interfonasse. Em vez de ligar sentado na mesa, foi lá fora como se ele mesmo fosse entrar no prédio. Achei estranho, mas evitei perguntas.

Entrei no elevador torcendo para que ele não fizesse barulhos extravagantes. Às vezes prefiro escadas, no máximo rolo pelos degraus. Abre-se a porta, vejo olhos gigantes me encarando, um cabelo de quem acabou de acordar, dou um beijo e vou entrando, deixando a bolsa no sofá. Tiro as sandálias e piso no chão frio. Olho o cavalete exposto na saleta, investigo os desenhos por curiosidade.

Toco a pele quente, peço para que tomasse um banho, acabo eu me refrescando com um copo de água. Estendo-me na cama e reclamo da falta de imaginação masculina ao falar do meu vestido verde. Ele parece achar graça, talvez ele próprio tenha pensado o mesmo.

Nenhum comentário: