O muro não acaba enquanto eu o observo. A única visão faz o trajeto ter quilômetros. Pura ansiedade. Trepadeiras no muro de concreto faz eu pensar o que grafitariam se não houvesse folhas ali.
Vozes rompem o silêncio. Celulares tocam e desnudam a personalidade em toques variados. Alguns discretos, apenas vibram.
Reflito sofre fatos banais. A espera me cansa, observo as janelas do carro. O fume do vidro exalta a silhueta, gestos em excesso. Na caminhonete a carga se agita, sacudindo e ameaçando cair. Acidente com sirene a caminho.
O trânsito pára, o muro não acaba. Sonho em pintá-lo de branco só para poder escrever para entreter a vista de quem passar, parando em cada incidente.
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