segunda-feira, 13 de agosto de 2007

No Dia dos Pais, Ipanema não parecia a mesma de sábado. Havia poucas pessoas nas areias, e nenhuma barraca a vista; mesmo assim fui com lápis e papel tentar escrever algo.

Lutei para domar as folhas em branco, voando raivosas a favor do vento. Não conseguia ver muita coisa em meio aos meus cabelos esvoaçantes. Devia estar parecendo a Maria Bethânia, com suas madeixas rebeldes.

Alguns pombos me faziam companhia enquanto eu achava uma posição coerente na areia que era quase particular. Poderia me estender em quatro cangas sem que alguém jogasse areia sobre mim. Não fui tão egoísta! Deitei sobre a canga preta e comecei a escrever sem me preocupar com a introdução. Distraía-me com a proximidade da calçada. O mar engolira boa parte da praia.

Apesar do frio, do som escandaloso das ondas e do vento, havia um ou outro se arriscando comigo. Aglutinaram-se aos meus pés dois rapazes. Ficaram ambos em silêncio, lendo livros com belas capas enquanto eu imaginava que reações teriam caso lessem o que eu escrevia.

Ipanema amanhecera às avessas. Os vendedores de canga lutavam contra o vento, e os quiosques estavam em completo prejuízo. A única coisa que estava em ordem era a quantidade de turistas. Não sei o que achavam da minha aventura de praia no frio, mas me observavam curiosos. Sorte é que eu normalmente não conseguia ouvir, ou simplesmente não os entendia.

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