sábado, 18 de agosto de 2007

Minha fala havia absorvido valores que eu desconhecia. Dizia ele soar como música meu sotaque meio capixaba carioca. Apontava diferenças dentre tantas outras. Confessou querer me ver novamente.

Corava-me como no primeiro encontro a cada cinco minutos. Assumira o disfarce turístico com uma câmera nas mãos. Parecia querer me capturar com aquela lente efusiva da câmera de última geração. Queria me levar para casa de qualquer maneira. Assustei-me com a insistência dos flashes.

Desta vez era ele quem falava bastante, se desculpando pela demora. Já havíamos perdido o horário do cinema, e eu já tinha quase ido embora. Não sei explicar o que me fez ficar enrolando entre os corredores de vitrines em liquidação.

Sem ter muito juízo prendeu as mãos sobre meu vestido. Não conseguia mover a cintura para sequer outra direção além da sua frente. Eu virara uma presa fácil. Sem aviso lascou um beijo tão intenso que perdi o equilíbrio, pisando sobre os sapatos para alcançar sua altura.

Não disse que gostei! Vou para a fogueira, negando tudo! Mas minha reação afônica lhe deu o direito de repetir a dose, afirmando não precisar de tradução.

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