Minha fala havia absorvido valores que eu desconhecia. Dizia ele soar como música meu sotaque meio capixaba carioca. Apontava diferenças dentre tantas outras. Confessou querer me ver novamente.
Corava-me como no primeiro encontro a cada cinco minutos. Assumira o disfarce turístico com uma câmera nas mãos. Parecia querer me capturar com aquela lente efusiva da câmera de última geração. Queria me levar para casa de qualquer maneira. Assustei-me com a insistência dos flashes.
Desta vez era ele quem falava bastante, se desculpando pela demora. Já havíamos perdido o horário do cinema, e eu já tinha quase ido embora. Não sei explicar o que me fez ficar enrolando entre os corredores de vitrines em liquidação.
Sem ter muito juízo prendeu as mãos sobre meu vestido. Não conseguia mover a cintura para sequer outra direção além da sua frente. Eu virara uma presa fácil. Sem aviso lascou um beijo tão intenso que perdi o equilíbrio, pisando sobre os sapatos para alcançar sua altura.
Não disse que gostei! Vou para a fogueira, negando tudo! Mas minha reação afônica lhe deu o direito de repetir a dose, afirmando não precisar de tradução.
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