segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Ganhei o domingo visitando as crianças.

Um ato beneficente. Eu mesma era a contemplada. Talvez elas nem lembrem meu nome ou esqueçam meu rosto. Não importa, nada substituiria a cena da porta do salão se abrindo e todas as crianças vindo em nossa direção. Achei que minha preferida não iria me reconhecer, porém veio me abraçando a perna com entusiasmo querendo logo que eu a pegasse no colo e fossemos brincar.

Sentia a magia lúdica agitando minhas pernas. Meu sorriso era inevitável. Envergonhava-me por brincar só com ela, então juntei mais dois para rodar também.

O lanche foi logo servido. Eu tratava de distribuir os sucos nas pequenas mesinhas. Botava as mãozinhas para serem lavadas em fila. Era bom ver a alegria por uma simples visita.

Queria saber o que se passa naquelas pequenas cabeças raspadas ou cheias de lacinhos. Seus desenhos seriam formas simples de se desvendar. Decifrava a ausência de cores, os traços assimétricos. Não percebia grandes temores. Em minha audácia usava uma psicologia barata para entender os lápis em ação. Fazia maior sentido para mim, elas não davam muita atenção para a convicção dos meus olhos observando cada borrão. Procurava qualquer pista para entender o passado e os medos. Elas pareciam fortes e tão felizes que tive que achar outra distração.

Animava-me a vontade de dançar, pular e comer. Tudo ao mesmo tempo. Sorte das crianças que esquecem com rapidez a negação que a sociedade pronuncia. E eu achando triste não ter couve no almoço ou suco de melancia. Sou tão tola! Sorte que tenho a infância ao meu alcance.

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