terça-feira, 4 de setembro de 2007

Já tive antes minha chance em Hollywood. Eu era o dublê do Bruce Lee. As cenas muito, mas muito perigosas mesmo, era eu quem fazia. Como aquela em que ele come um misto quente velho na rodoviária.

Fui chamado porque, embora em geral seja completamente diferente do Bruce Lee, eu tinha o polegar da mão direita absolutamente igual ao dele. Então, o diretor precisava filmar em planos bem fechados no polegar, para que ninguém notasse que se tratava de um dublê.

Eu estava indo bem, era o meu caminho para a fama e o sucesso. Foi aí, como sempre, que eu fiz besteira. Note, no entanto, que eu fui muito bem-intencionado. A cena era simples: eu deveria entrar na torcida do Malutron usando uma camisa do Bangu. Mas eu achei que poderia acrescentar algo à cena, dar um toque pessoal, construir personagem e aquela coisa toda.

Por isso, coloquei um esparadrapo na ponta do polegar. O diretor ficou furioso: "o polegar do Bruce Lee não tem esparadrapo!", ele gritava. Tentei explicar que havia me baseado na obra de Tennessee Williams e que o esparadrapo daria mais veracidade ao personagem. Tentei fazê-lo entender que, sem o esparadrapo, o protagonista ficava muito unidimensional. Tentei até tirar o esparadrapo, mas ficou uma marca no dedo e o diretor me expulsou do filme.

Depois disso, o máximo que consegui foi uma ponta num filme do Kevin Costner. O filme era bem ruim, mas pelo menos ele deixou eu ficar de esparadrapo no polegar. Se a cena não tivesse sido cortada, acho que minha carreira finalmente teria deslanchado.

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