sábado, 1 de setembro de 2007

Desponta o dia. Quero logo desvendar as ruas. Um passeio entre as calçadas rachadas para ter inspiração logo pela manhã.

Jamais entendi o porquê de não poder cumprimentar estranhos. Só eu reconheço a vontade que tenho de sair correndo cantando alguma coisa que ninguém conhece, sorrindo displicente. Essa distância não me comove. Esbarro nos transeuntes só para ter desculpa para falar. Meu ato estranho parece fazer efeito. Vou me desculpando enquanto corto o caminho que não tenho.

Saio caminhando, buscando uma nova vítima para meu golpe chulo. Minha intenção de roubar palavras é inocente, quase infantil.

Divirto-me sozinha como se estivesse enlouquecida. Reconheço que este silêncio me incomoda e cutucar alguém simplesmente seria bem curioso. Por sorte ninguém desconfia! Meu sorriso extenso preenche a vontade deles de me ofender por um humilde esbarrão. É o que eu suponho, já que nunca ouvi tamanho insulto. Tomo cuidado de reconhecer os estranhos para não cometer o mesmo ato duas vezes. Assim vou socializando com a individualidade urbana, atacando seu silêncio para que não ocorra mais.

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